27 de janeiro de 2013

A dor e a pedagogia da tragédia.


Hoje, todos morremos um pouco. Aprendemos mais uma vez, na dor, as conseqüências de tão pouco caso com a vida.

Morremos quando acordamos, com a infeliz surpresa do que aconteceu em Santa Maria.

Morremos de indignação ao ver o lado mais perverso do capitalismo, que ao barrar a saída de quem "não pagou a conta", não poupou vidas.

Morremos de pena ao pensar nas vítimas, que em minutos, perderam a chance de ter um futuro. E nas pessoas que ficaram, sem filhos, sem pais, sem amigos, sem irmãos, sem chão. Só com a dor. E com um sentimento absoluto de impotência. 

Morremos em constatar que essa não foi a primeira tragédia do tipo, e de imaginar que provavelmente, não será a última. E que eu, você, ou qualquer pessoa que conhecemos pode em circunstâncias parecidas, também ser uma vítima dessas “fatalidades”.

Morremos de raiva ao assistir a forma apelativa, sensacionalista e oportunista, que alguns veículos e alguns jornalistas fazem a cobertura do “evento”.

Morremos por entender como a vida é frágil. E o limite do nosso controle sobre ela, ínfimo.

Hoje estamos também um pouco mortos. De tristeza, de vergonha, de medo e de indignação.

Morrer, aqui, é só hipérbole. Mas em Santa Maria foi muito real, para as 233 pessoas que tinham tanta vida pela frente.

Infelizmente, no Brasil, temos o nefasto costume da reação em detrimento à prevenção. Esperemos, no entanto, que as ações diante desse acontecimento devastador de hoje, sejam consistentes e eficientes. Que aprendamos com os erros. E que não precisemos esperar a próxima tragédia.

Resta-nos lamentar muito a partida prematura de tanta gente, refletir sobre a responsabilidade de cada um e nos solidarizarmos com aqueles que perderam as pessoas que amavam. 

Dentro dos limites humanos, assegurar a vida, a própria e a dos outros, deveria ser a premissa de todos nós.



2 comentários:

  1. Conheci seu blog pelo facebook da minha querida Marcia Lopes. Parabéns pela sensibilidade, seriedade e respeito com que trata nossos irmãos e suas famílias. Sou solidária em todas as suas frases. Um abraço.

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    1. Obrigada, Maria das Graças. Foi realmente uma tragédia terrível, que nos deixou a todos consternados e impotentes. Abs.

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