25 de abril de 2013

A erotização precoce das nossas crianças.


Em tempos de lelec lec, e outros tantos "dejetos" que escutamos e vemos por aí, tenho me questionado sobre o que será da educação das nossas crianças, particularmente, a educação sexual, se até quem deveria ter senso crítico, concebe esses “lixos culturais” com naturalidade, com o argumento de que reflete a liberdade de expressão, um dos princípios básicos do estado democrático de direitos. Ah tá... Não me venha com churumelas! Também defendo a liberdade de expressão, a democracia, o direito individual de escolha, e tudo que o valha, mas não essa anti-cultura deprimente, que deseduca e deforma o pensamento e os interesses das crianças, que ainda sem nenhum senso crítico, absorvem toda essa merda. E o pior, é que esse lixo é “orgânico”, sem chance de reaproveitamento ou reciclagem, ele pode até se decompor com o tempo, mas não, sem antes fazer estragos nas cabeças ingênuas das crianças “desassistidas”.

Os mais ortodoxos, quando o assunto é liberdade, podem achar que estou exagerando, talvez porque não tenham ou nunca tiveram filhos pequenos, e essa não é uma preocupação que lhes concerne, ou até tenham razão, dentro daquilo que acreditam. Mas, o fato é que isso me incomoda, assim como deve incomodar muitos pais.

E não pense que essa é a preocupação de uma mãe conservadora e retrógrada, que pensa que o mundo está perdido, etc... Nada disso. É a preocupação de uma mãe que acompanha e acredita nas "evoluções”. A evolução da ciência, a evolução da tecnologia, a evolução das pessoas, a evolução da democracia (apesar de questionável) e que constantemente, busca “redimensionar” sua atuação como mãe. E, por outro lado, assiste na TV, na internet, nas revistas, a erotização muito precoce das nossas crianças, através de conteúdos que atrapalham e desconstroem as tentativas de pais e educadores, de criarem seres pensantes. E, como mãe de um menino de 9 anos e de uma menina de quase 12, isso me preocupa e inquieta.

Isso, pra mim, já foi um paradoxo. Felizmente, há algum tempo, não é mais. Pensava na contradição, de ser uma mulher do século 21, bem informada, esclarecida, que acredita nas liberdades individuais, que gosta da “modernidade” do nosso tempo (apesar de achá-la contraditória), e ao mesmo tempo, se vê forçada a questionar formas de expressões, e a colocar tantos limites e proibições na educação dos seus filhos. Até entender, que justamente por ser uma mulher assim, tenho a obrigação de fazer direito, pelo menos com os meus filhos. Ou seja, isso está totalmente superado na minha cabeça, desde que entendi que não tem nada a ver o “cu cas carça”. Liberdade e direito de escolha, é pra quem tem discernimento e capacidade de arcar com as consequências delas. Ou seja, para adultos, que (teoricamente) se prepararam para isso. As crianças não, elas dependem (e pedem) cuidado, atenção, regras, amor, broncas, restrições...  Educar, ensinar e ajudar uma criança a “formar-se” é uma responsabilidade que ultrapassa qualquer possível questionamento de liberdade, seja ela qual for.

Lembro-me bem (afinal, não faz tanto tempo assim) do que eu gostava quando criança. Gostava de brincar na rua com outras crianças, andar de bicicleta, assistir desenho animado, brincar de bonecas, desenhar, cantar e dançar as músicas do Balão Mágico e do Saltimbancos... Foi-se o tempo! As nossas crianças de hoje, apesar do esforço de alguns pais, em preservar as brincadeiras “de antigamente”, preferem mesmo a internet, os videogames e os programas de TV (nada infantis), que tem como ídolos, adolescentes com roupinhas sensuais e nada pra falar. Não que eu seja contra, que crianças joguem videogame nos momentos de lazer, assistam TV ou aprendam a usar a internet. Isso, não seria razoável, na verdade, seria descabido nos dias de hoje. O grande desafio está em encontrar os limites, desse acesso tão fácil e superficial a todo tipo de informação.

O meu questionamento, afinal, é: qual é o modelo de comportamento com relação à sexualidade, que a sociedade, as escolas, e principalmente, os pais, estão deixando para os seus filhos? A situação não é simples, pelo contrário, é crítica. E a responsabilidade de contornar isso, é de todos nós, da sociedade, da escola, da mídia e dos pais, que em minha opinião, são os maiores responsáveis, já que tem o controle mais “efetivo” da vida dos filhos.

Vamos aos responsáveis...

A mídia (boa parte dela) faz o desserviço de deturpar o tema da sexualidade, quando apresenta programas infantis com conteúdo, músicas e figurinos incompatíveis com a idade das crianças que os assistem, além de todo o lixo que assistimos na programação das TVs.

A educação nas escolas é uma questão ainda mais complicada, porque salvo exceções, a qualidade do ensino já é bem questionável, e ainda tem a infraestrutura precária, material didático muitas vezes não apropriado, professores desvalorizados, sem formação adequada, ou seja, totalmente despreparados para auxiliar na educação sexual dos nossos filhos.

Os pais, na maioria das vezes ficam perplexos com essa realidade da erotização precoce das crianças. Mas, ficam também, perdidos e atrapalhados, e acabam cedendo às investidas das crianças e adolescentes, que querem repetir os modelos da TV, dos amigos da escola, do mundo.

E a sociedade? O que dizer? A sociedade que se indigna, critica, e posta no facebook palavras de ordem e campanhas contra a pedofilia e a exploração sexual, por exemplo, é a mesma sociedade que convive e aplaude os programas de TV, as músicas, e os artistas formadores de opinião, que colaboram diariamente com a erotização de seus filhos.

Ou seja, essa “briga” deve mesmo começar em casa. Nos limites que damos aos nossos filhos. Nos princípios que ensinamos, como quando mostramos o que é realmente importante na vida. Nas respostas e explicações sobre sexualidade, que devem ser sempre claras e sem subterfúgios. Na decisão sobre o que assistir e ouvir na presença das crianças. Enfim, quem tem filhos, fez uma escolha (geralmente), e por isso deve assumir a responsabilidade da sua educação. No entanto, você é adulto, e pode ter e fazer o que bem entender da sua vida, mas se quer programação picante, putaria, faça ou assista da meia noite às seis, meu caro, horário em que os “anjinhos”, certamente, estão dormindo.

Bom, agora o papo reto. Lá em casa é assim, e tem funcionado: Criança não usa maquiagem. Criança não usa esmalte. Criança não usa roupa de adulto. Criança não tem facebook, nem twitter, nem nada disso. Criança tem limite de horário e supervisão de conteúdo pra ficar na internet. Criança não namora. Criança pode perguntar o que quiser, inclusive sobre sexualidade, e será sempre respondida... Entre muitas outras regras e “tratos”, o fato é que criança tem que ser criança, até a hora que deixar de ser. Simples assim.

Mas é simples administrar tudo isso? Nem um pouco. Somos questionados e cobrados pelos filhos o tempo todo. Porque o amigo pode, o amigo faz, o amigo tem... E eu, como mãe, só posso sentir compaixão pelo amigo e pelos seus pais. E não me sinto pretensiosa dizendo isso. Porque apesar de todos os erros, que como todas as mães e pais, eu sei que cometo e ainda cometerei na educação dos meus filhos, neste caso, prefiro pecar pelo excesso. Pelo excesso de zelo e de limites. Eles podem não entender isso agora e até nos “odiar” quando recebem um NÃO, mas um dia entenderão. Porque isso vem do amor e do cuidado.

Enfim, não vamos fugir às nossas responsabilidades e nos acomodarmos, com a desculpa de que “hoje é assim que funciona”. Não, não é assim que funciona. Você determina como funciona. Pelo menos dentro da sua casa, com os seus filhos. Portanto, não há nenhuma desculpa para a omissão.




19 de abril de 2013

SOBRE AMOR E DIFERENÇAS


Sei que vai concordar comigo, apesar das diferenças!

São quase vinte e dois anos juntos, e ainda “quebramos tudo”. Estamos na flor da idade, eu na flor dos 35 e você na flor dos 38. E vinte e dois anos, não é como ir ali na esquina comprar pão, e nem sair um dia pra comprar cigarros e nunca mais voltar. É ficar, é amar, é superar. São vinte e dois anos, de tudo. De parceria, de aprendizados, de dois filhos, de viagens, de sonhos realizados, de sonhos ainda não, de paciência, de rock, de amigos comuns, de troca, de brigas, de vai, de voltas, de amor, e de diferenças.

Ah, as diferenças! Deixei-as por último, porque elas são o nosso prato do dia, o nosso PF. E devem ser comidas quentes, frias ou requentadas. A digestão nem sempre é fácil. Mas, o que é fácil? Elas são muitas, às vezes amenas, às vezes difíceis. Mas hoje, creio que sejam fundamentais para a nossa sobrevivência. Rimos delas, e já choramos por elas. Mas o fato é que vivemos delas.

Porque a graça do nosso amor está em achar o equilíbrio nas diferenças. Quem quiser um amor sem emoção, deve sim procurar a tampa da sua panela. Você não é, e nem nunca foi a tampa da minha panela, nem a metade da minha laranja. E sabe porque? Porque não somos metades de nada, somos dois inteiros, com tudo que isso tem de bom e de ruim. Com todos os nossos defeitos e virtudes. Com todas as nossas piras, convicções, opiniões, gostos, paixões, vontades... Não quero te completar, e nem que você me complete. Quero só que continuemos assim, discordando, nos entendendo, nos respeitando, e vivendo do amor e também das diferenças.

Mas nem sempre foi assim. Fomos conquistando esse “estágio” de convivência, quando baixamos as expectativas um em relação ao outro, quando percebemos que o maior responsável pela nossa felicidade, somos nós mesmos e não o parceiro. Ou enquanto conversamos sobre o preço do tomate, sobre o Feliciano, ou sobre a morte da bezerra. Ou quando você me acorda no sábado de manhã, começa a puxar papo, e eu me recuso até mesmo a abrir os olhos de tanta preguiça, e quando vemos já estamos gargalhando de alguma besteira que falamos.

Tem as diferenças simples, que até nos divertem, como quando eu quero pizza, e você japonês. Ou quando eu quero assistir Criminal Minds e você o Sport TV, que aliás, eu também gosto. Mas, falo das diferenças mais “essenciais”, como nossas opiniões divergentes sobre algumas pessoas, sobre política, sobre a educação das crianças, sobre a maneira de enxergar a vida (em alguns aspectos), sobre a sua forma contundente e nada ortodoxa de colocar as suas opiniões, e outras tantas discordâncias. Mas, no que realmente importa, somos muito parecidos, nos nossos princípios, e principalmente, na nossa perspectiva de que tipo de ser humano, desejamos que nossos filhos sejam. Nisso concordamos sempre.

Tá, somos diferentes (e ponto). Eu gosto de TV ligada no quarto até tarde, você não dorme assim. Neste caso, não me incomodo de ficar algumas noites na sala. Gosto da rua, da noite, das festas. Você também gosta, mas prefere o aconchego do nosso sofá. Eu gosto de rock e de samba. Você só de rock, mas respeita meu samba. Eu gosto de dançar, você só de olhar. É você que lembra de recolher o varal da varanda, quando vai chover. Eu esqueceria sempre. Você passa apagando as luzes que eu insisto em largar acesas, e (quase) não reclama mais.

O fato é que as diferenças arrumaram uma treta grande com a gente. É que elas também são “vítimas”. Vítimas da nossa teimosia e disposição de fazer dar certo, apesar delas.

Como quando acordo de manhã, atrasada, pulo da cama igual uma louca, com aquele pijama velho (que eu adoro), toda descabelada, e você olha e diz que eu sou a mulher mais linda do mundo. É a mentira mais doce de se ouvir. E apesar do espelho, bem ali na minha frente, sempre acredito nela.

Como quando você elogia aquela massa que fiz correndo, e diz que nunca comeu nada igual. E fala pras crianças que elas têm sorte de ter uma mãe assim, que “além de tudo”, cozinha bem.

Como quando eu chego cansada, depois de um dia exaustivo de trabalho e correria, e você faz massagem nos meus pés. Mesmo que eu sempre tenha que insistir pra que demore mais. E quando você merece, eu retribuo. (rs!) 

Então... Quero muito que saiba de uma coisa, que provavelmente já te falei, mas já falamos sobre tantas coisas, que prefiro repetir. Uma das coisas sobre você, que mais me faz feliz, é o fato de me sentir livremente humana com você. Calma, vou explicar... Você me respeita, exatamente do jeito que sou, às vezes tímida, às vezes louca. 

Gosta de me ver feliz, de ver que estou me divertindo, e se diverte também. Sempre vivi à minha maneira, falo o que penso e com quem eu quero, danço quando eu quero, gargalho alto... Nunca se sente constrangido comigo (ou guarda pra você, o que eu duvido), até mesmo naquela festa que exagero no vinho, e volto pra casa descalça. Quando tem alguma observação a fazer, faz depois, nunca na hora. Faz “amanhã”, quando eu acordo toda borrocada, da maquiagem que não tirei “ontem” quando cheguei em casa, porque você me pôs na cama e me deixou dormir daquele jeito, com os pés sujos que você odeia. E depois da “bronca”, rimos de tudo.

Bom, o negócio é o seguinte, eu gosto é de felicidade, e apesar da cara de mau, eu sei que você também gosta. E é por isso, que quando as diferenças gritam, e alguma discussão mais acalorada acontece, trato logo de fazer graça, de puxar papo, de inventar desculpas pra reaver a paz. Sabe porque? Porque felicidade não se posterga. Felicidade é pra sentir hoje, agora. Você já entendeu (também) isso em mim, e eu amo você também por isso.

Uma crônica para o meu marido. Com amor.

2 de abril de 2013

E a vida? É bonita, é bonita, e é bonita???



É claro que é bonita!

Às vezes, também penso que a vida bem que podia facilitar a vida. Vir com "job descriptions", manuais e SAC, para eventuais dúvidas e reclamações. O que na verdade, facilitaria muito, mas também deixaria tudo mais chato e menos emocionante, mais sem graça.

Afinal, o que é a vida sem as emoções e surpresas? O fato é que não vem com nada disso. E fazê-la dar certo é responsabilidade exclusiva de cada um. Sabemos disso, mas, nem sempre admitimos ou nos “apropriamos” dela.

Agimos como se o tempo fosse nosso. Como se tivéssemos absoluto controle sobre ele. A hesitação para fazer uma escolha, ou tomar uma decisão, mesmo que a única opção seja natimorta, nos imobiliza e atrasa. Só que a angústia da conseqüência, nos trava.
Viver, refletir sobre a vida e tomar atitudes, simultaneamente, nem sempre é compatível. E é justamente por isso, que muitas vezes tomamos decisões com pouca reflexão. Ou, refletimos tanto, que ficamos estáticos, e a vida passa. O negócio é achar o equilíbrio. Pelo menos, buscá-lo.
Existem muitos “modelos” de vida, cada um tem que encontrar o seu.
Tem gente que só interpreta na vida, esses são falsos e pensam que enganam aos outros, quando na verdade... Tem gente que se veste de amargura pra viver, esses são más companhias, e dignos de pena. Tem gente que manipula a vida, esses fingem viver. Tem gente que nasceu pra reclamar, esses são muito chatos. E o pior de tudo isso, é quando responsabilizamos (exclusivamente) os outros, pela nossa própria infelicidade. Tem gente de todos os tipos...
Agora, dá gosto de ver gente que nasceu pra ser feliz. Que apesar de todas as possíveis dificuldades, que todos temos, sorri pelo olhar, gargalha pela boca, dança sem saber dançar, canta sem saber cantar, trata bem as pessoas, trabalha com prazer (mesmo na segunda-feira), apaixona-se, sofre, perde, ganha, e é feliz. Isso chama resiliência e amor pela vida. Esses não vieram pra perder tempo, e nem pra encher o saco.
Claro, não sejamos ingênuos, de achar que é possível ser assim em tempo integral. Todos temos momentos ruins, dificuldades, e às vezes, vontade de mandar tudo à merda, e temos todo o direito de fazer isso, afinal, cada um sabe onde seu calo aperta. O que não pode é isso ser a regra, se não meu camarada, viver fica insuportável, pra você e pra quem te agüenta.
Alguns de vocês, que estão perdendo seu precioso tempo lendo meus devaneios, podem estar pensando: “Ah! Falar, até papagaio fala, quero ver é estar no meu couro!”. Da minha parte, posso garantir que tento hard viver bem, me divertir, não estragar a sua vida e ser feliz. Your choice, baby!
Às vezes, o difícil é encontrar o verbo certo; o momento certo. Às vezes o difícil é encontrar a vida certa. E às vezes, o difícil não é nada disso. Às vezes o difícil está dentro de você, nas suas limitações pessoais ou conjunturais, ou simplesmente, na falta de boa vontade pra viver. Enfim, não há argumento pra não tentar.