19 de abril de 2013

SOBRE AMOR E DIFERENÇAS


Sei que vai concordar comigo, apesar das diferenças!

São quase vinte e dois anos juntos, e ainda “quebramos tudo”. Estamos na flor da idade, eu na flor dos 35 e você na flor dos 38. E vinte e dois anos, não é como ir ali na esquina comprar pão, e nem sair um dia pra comprar cigarros e nunca mais voltar. É ficar, é amar, é superar. São vinte e dois anos, de tudo. De parceria, de aprendizados, de dois filhos, de viagens, de sonhos realizados, de sonhos ainda não, de paciência, de rock, de amigos comuns, de troca, de brigas, de vai, de voltas, de amor, e de diferenças.

Ah, as diferenças! Deixei-as por último, porque elas são o nosso prato do dia, o nosso PF. E devem ser comidas quentes, frias ou requentadas. A digestão nem sempre é fácil. Mas, o que é fácil? Elas são muitas, às vezes amenas, às vezes difíceis. Mas hoje, creio que sejam fundamentais para a nossa sobrevivência. Rimos delas, e já choramos por elas. Mas o fato é que vivemos delas.

Porque a graça do nosso amor está em achar o equilíbrio nas diferenças. Quem quiser um amor sem emoção, deve sim procurar a tampa da sua panela. Você não é, e nem nunca foi a tampa da minha panela, nem a metade da minha laranja. E sabe porque? Porque não somos metades de nada, somos dois inteiros, com tudo que isso tem de bom e de ruim. Com todos os nossos defeitos e virtudes. Com todas as nossas piras, convicções, opiniões, gostos, paixões, vontades... Não quero te completar, e nem que você me complete. Quero só que continuemos assim, discordando, nos entendendo, nos respeitando, e vivendo do amor e também das diferenças.

Mas nem sempre foi assim. Fomos conquistando esse “estágio” de convivência, quando baixamos as expectativas um em relação ao outro, quando percebemos que o maior responsável pela nossa felicidade, somos nós mesmos e não o parceiro. Ou enquanto conversamos sobre o preço do tomate, sobre o Feliciano, ou sobre a morte da bezerra. Ou quando você me acorda no sábado de manhã, começa a puxar papo, e eu me recuso até mesmo a abrir os olhos de tanta preguiça, e quando vemos já estamos gargalhando de alguma besteira que falamos.

Tem as diferenças simples, que até nos divertem, como quando eu quero pizza, e você japonês. Ou quando eu quero assistir Criminal Minds e você o Sport TV, que aliás, eu também gosto. Mas, falo das diferenças mais “essenciais”, como nossas opiniões divergentes sobre algumas pessoas, sobre política, sobre a educação das crianças, sobre a maneira de enxergar a vida (em alguns aspectos), sobre a sua forma contundente e nada ortodoxa de colocar as suas opiniões, e outras tantas discordâncias. Mas, no que realmente importa, somos muito parecidos, nos nossos princípios, e principalmente, na nossa perspectiva de que tipo de ser humano, desejamos que nossos filhos sejam. Nisso concordamos sempre.

Tá, somos diferentes (e ponto). Eu gosto de TV ligada no quarto até tarde, você não dorme assim. Neste caso, não me incomodo de ficar algumas noites na sala. Gosto da rua, da noite, das festas. Você também gosta, mas prefere o aconchego do nosso sofá. Eu gosto de rock e de samba. Você só de rock, mas respeita meu samba. Eu gosto de dançar, você só de olhar. É você que lembra de recolher o varal da varanda, quando vai chover. Eu esqueceria sempre. Você passa apagando as luzes que eu insisto em largar acesas, e (quase) não reclama mais.

O fato é que as diferenças arrumaram uma treta grande com a gente. É que elas também são “vítimas”. Vítimas da nossa teimosia e disposição de fazer dar certo, apesar delas.

Como quando acordo de manhã, atrasada, pulo da cama igual uma louca, com aquele pijama velho (que eu adoro), toda descabelada, e você olha e diz que eu sou a mulher mais linda do mundo. É a mentira mais doce de se ouvir. E apesar do espelho, bem ali na minha frente, sempre acredito nela.

Como quando você elogia aquela massa que fiz correndo, e diz que nunca comeu nada igual. E fala pras crianças que elas têm sorte de ter uma mãe assim, que “além de tudo”, cozinha bem.

Como quando eu chego cansada, depois de um dia exaustivo de trabalho e correria, e você faz massagem nos meus pés. Mesmo que eu sempre tenha que insistir pra que demore mais. E quando você merece, eu retribuo. (rs!) 

Então... Quero muito que saiba de uma coisa, que provavelmente já te falei, mas já falamos sobre tantas coisas, que prefiro repetir. Uma das coisas sobre você, que mais me faz feliz, é o fato de me sentir livremente humana com você. Calma, vou explicar... Você me respeita, exatamente do jeito que sou, às vezes tímida, às vezes louca. 

Gosta de me ver feliz, de ver que estou me divertindo, e se diverte também. Sempre vivi à minha maneira, falo o que penso e com quem eu quero, danço quando eu quero, gargalho alto... Nunca se sente constrangido comigo (ou guarda pra você, o que eu duvido), até mesmo naquela festa que exagero no vinho, e volto pra casa descalça. Quando tem alguma observação a fazer, faz depois, nunca na hora. Faz “amanhã”, quando eu acordo toda borrocada, da maquiagem que não tirei “ontem” quando cheguei em casa, porque você me pôs na cama e me deixou dormir daquele jeito, com os pés sujos que você odeia. E depois da “bronca”, rimos de tudo.

Bom, o negócio é o seguinte, eu gosto é de felicidade, e apesar da cara de mau, eu sei que você também gosta. E é por isso, que quando as diferenças gritam, e alguma discussão mais acalorada acontece, trato logo de fazer graça, de puxar papo, de inventar desculpas pra reaver a paz. Sabe porque? Porque felicidade não se posterga. Felicidade é pra sentir hoje, agora. Você já entendeu (também) isso em mim, e eu amo você também por isso.

Uma crônica para o meu marido. Com amor.

Um comentário:

  1. Que lindo Jú!! Adorei!!
    Adoro ver amores assim: reais, fortes e cheios de diferenças. E vcs, apesar delas, são indiscutivelmente um casal de uma sintonia explícita!!
    bjs, Kathiuscia

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