7 de agosto de 2013

Tudo o que é novo, original e faz barulho, incomoda alguém!

Com esse título, eu poderia escrever sobre muitas coisas. Mas hoje, quero falar da Mídia Ninja, que nem eu, e acho que quase ninguém, conhece profundamente ainda. Já que é uma organização relativamente nova, e que só ganhou visibilidade para o grande público, depois das coberturas que tem feito dos protestos nacionais, que começaram em junho deste ano. Assim mesmo, resolvi dar meus pitacos.

Tenho lido muitas coisas sobre eles, acompanho suas atualizações nas mídias sociais, e depois de assistir o Roda Viva, do ultimo domingo, onde dois dos fundadores do Mídia Ninja, Pablo Capilé e Bruno Torturra, eram os entrevistados, resolvi fazer minhas considerações.

O Mídia Ninja se auto intitula como um “coletivo de jornalismo”. Onde NINJA, neste caso, não é um agente secreto japonês, que usa artes de guerra não ortodoxas, como algum desavisado poderia imaginar. NINJA, neste caso, significa Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação. No entanto, o que diz a sigla, junto com o que temos acompanhado da atuação do grupo, confirma que a relação dos nomes também não é mera coincidência.

Tenho muito respeito por quem já viveu mais do que eu.  E acho que quem é jovem tem muito que aprender com quem já viveu mais, já trabalhou mais, já apanhou mais. E também acredito no contrário, que pessoas mais velhas sempre têm o que aprender com os mais jovens. Mas, infelizmente, nem sempre essa recíproca é verdadeira. E isso, se aplica a tudo. Também ao jornalismo. Exemplo disso foi a postura de alguns jornalistas calejados, da grande imprensa, na atuação como entrevistadores dos “garotos” da Mídia Ninja, no Roda Viva. É triste perceber que alguns jornalistas, que já podem até terem sido “diferentes”, desistiram, e hoje, apenas dançam conforme a música.

Sabemos, é claro, que a intenção do Programa Roda Viva, cujo formato praticamente “encurrala” os entrevistados, é questionar, controverter, debater exaustivamente um tema. E é isso que sempre o fez interessante. No entanto, achei curiosa a postura de alguns entrevistadores. Eis a minha impressão sobre isso: alguns dos jornalistas, como a colunista da Folha de São Paulo, Suzana Singer, estavam visivelmente incomodados com as críticas (diretas) dos entrevistados à imprensa convencional; também achei bem ruim a mediação feita pelo jornalista Mario Sergio Conti, que conduziu o programa como se pensasse lá com seus botões “... seus comunistinhas de mierda, vocês vão crescer e ver que não é assim que funciona”; enfim, foi patético, o esforço dos que tentaram passar a imagem de isenção e imparcialidade da mídia que representam, e deles próprios. Não colou!

É fato que a Mídia NINJA está incomodando alguns, e por isso, estão sendo julgados - a priori - como um grupo nem tão independente assim, que tem ligação com partidos políticos e outros movimentos organizados, que já recebeu financiamento público através do Fora do Eixo, grupo de onde a Mídia Ninja se originou. Enfim, são muitas as tentativas, geralmente veladas (o que é pior), de desqualificá-los enquanto jornalistas independentes, que tem como objetivo principal transmitir informação com qualidade. E não estamos falando de qualidade tecnológica, já que basta um smartphone, um laptop e acesso 3G para que transmitam ao vivo as manifestações e atualizem a sua página no facebook. Quando me refiro à informação de qualidade, estamos falando em informação verdadeira, em tempo real, sem edição, sem filtros, independente.

O fato é que a Mídia Ninja é um “movimento” dos mais interessantes que apareceram nos últimos tempos. Tem gente que insiste em dizer que isso não é jornalismo. Perdoem a minha ignorância, mas, se não é jornalismo, é o que, José?

Eu gosto da ideia de ter a oportunidade de acompanhar uma cobertura jornalística consciente, de qualidade. E é claro que os responsáveis por essa cobertura tem um posicionamento político claramente de esquerda, o que é dito em tom de ‘acusação’ por algumas pessoas, ou mesmo, por outros jornalistas, que como falei ali no começo, tentam vincular a Mídia Ninja a partidos e organizações para desqualificar a sua atuação. Acho honesto e natural que jornalistas tenham o seu ponto de vista, suas convicções, o que não necessariamente, tornará uma cobertura tendenciosa. Acho bem pior, jornalistas que fingem uma isenção que não existe.

Gosto também da ideia que o grupo está lançando, de uma campanha de financiamento coletivo para suas despesas, o que, em minha opinião, é fundamental para garantir a independência que tanto prezam.
Gosto também da ideia de que muitos jornalistas jovens estão procurando associarem-se a Mídia Ninja, como colaboradores. Isso prova que nem tudo está perdido.

O negócio é que eu gosto dessa tal de Mídia NINJA! E até que se prove o contrário, eles vieram mesmo com a ideia de revolucionar o jornalismo, com simplicidade, transparência, coragem e independência, enfim, uma lógica completamente diferente do que virou o jornalismo da grande imprensa, o jornalismo tradicional. Que sobrevivam nessa “selva”!

Yááááá!!!!



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