Com esse título, eu poderia escrever sobre muitas coisas. Mas
hoje, quero falar da Mídia Ninja, que nem eu, e acho que quase ninguém, conhece
profundamente ainda. Já que é uma organização relativamente nova, e que só
ganhou visibilidade para o grande público, depois das coberturas que tem feito dos
protestos nacionais, que começaram em junho deste ano. Assim mesmo, resolvi dar
meus pitacos.
Tenho lido muitas coisas sobre eles, acompanho suas
atualizações nas mídias sociais, e depois de assistir o Roda Viva, do ultimo domingo,
onde dois dos fundadores do Mídia Ninja, Pablo Capilé e Bruno Torturra, eram os
entrevistados, resolvi fazer minhas considerações.
O Mídia Ninja se auto intitula como um “coletivo de jornalismo”.
Onde NINJA, neste caso, não é um agente secreto japonês, que usa artes de
guerra não ortodoxas, como algum desavisado poderia imaginar. NINJA, neste
caso, significa Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação. No entanto, o que
diz a sigla, junto com o que temos acompanhado da atuação do grupo, confirma
que a relação dos nomes também não é mera coincidência.
Tenho muito respeito por quem já viveu mais do que eu. E acho que quem é jovem tem muito que
aprender com quem já viveu mais, já trabalhou mais, já apanhou mais. E também
acredito no contrário, que pessoas mais velhas sempre têm o que aprender com os
mais jovens. Mas, infelizmente, nem sempre essa recíproca é verdadeira. E isso,
se aplica a tudo. Também ao jornalismo. Exemplo disso foi a postura de alguns
jornalistas calejados, da grande imprensa, na atuação como entrevistadores dos “garotos”
da Mídia Ninja, no Roda Viva. É triste perceber que alguns jornalistas, que já
podem até terem sido “diferentes”, desistiram, e hoje, apenas dançam conforme a
música.
Sabemos, é claro, que a intenção do Programa Roda Viva, cujo formato
praticamente “encurrala” os entrevistados, é questionar, controverter, debater exaustivamente
um tema. E é isso que sempre o fez interessante. No entanto, achei curiosa a
postura de alguns entrevistadores. Eis a minha impressão sobre isso: alguns dos
jornalistas, como a colunista da Folha de São Paulo, Suzana Singer, estavam visivelmente
incomodados com as críticas (diretas) dos entrevistados à imprensa
convencional; também achei bem ruim a mediação feita pelo jornalista Mario
Sergio Conti, que conduziu o programa como se pensasse lá com seus botões “...
seus comunistinhas de mierda, vocês vão crescer e ver que não é assim que
funciona”; enfim, foi patético, o esforço dos que tentaram passar a imagem de
isenção e imparcialidade da mídia que representam, e deles próprios. Não colou!
É fato que a Mídia NINJA está incomodando alguns, e por isso,
estão sendo julgados - a priori - como um grupo nem tão independente assim, que
tem ligação com partidos políticos e outros movimentos organizados, que já
recebeu financiamento público através do Fora do Eixo, grupo de onde a Mídia
Ninja se originou. Enfim, são muitas as tentativas, geralmente veladas (o que é
pior), de desqualificá-los enquanto jornalistas independentes, que tem como
objetivo principal transmitir informação com qualidade. E não estamos falando
de qualidade tecnológica, já que basta um smartphone, um laptop e acesso 3G
para que transmitam ao vivo as manifestações e atualizem a sua página no facebook.
Quando me refiro à informação de qualidade, estamos falando em informação
verdadeira, em tempo real, sem edição, sem filtros, independente.
O fato é que a Mídia Ninja é um “movimento” dos mais
interessantes que apareceram nos últimos tempos. Tem gente que insiste em dizer
que isso não é jornalismo. Perdoem a minha ignorância, mas, se não é
jornalismo, é o que, José?
Eu gosto da ideia de ter a oportunidade de acompanhar uma
cobertura jornalística consciente, de qualidade. E é claro que os responsáveis
por essa cobertura tem um posicionamento político claramente de esquerda, o que
é dito em tom de ‘acusação’ por algumas pessoas, ou mesmo, por outros
jornalistas, que como falei ali no começo, tentam vincular a Mídia Ninja a
partidos e organizações para desqualificar a sua atuação. Acho honesto e
natural que jornalistas tenham o seu ponto de vista, suas convicções, o que não
necessariamente, tornará uma cobertura tendenciosa. Acho bem pior, jornalistas
que fingem uma isenção que não existe.
Gosto também da ideia que o grupo está lançando, de uma
campanha de financiamento coletivo para suas despesas, o que, em minha opinião,
é fundamental para garantir a independência que tanto prezam.
Gosto também da ideia de que muitos jornalistas jovens estão
procurando associarem-se a Mídia Ninja, como colaboradores. Isso prova que nem
tudo está perdido.
O negócio é que eu gosto dessa tal de Mídia NINJA! E até que
se prove o contrário, eles vieram mesmo com a ideia de revolucionar o
jornalismo, com simplicidade, transparência, coragem e independência, enfim,
uma lógica completamente diferente do que virou o jornalismo da grande
imprensa, o jornalismo tradicional. Que sobrevivam nessa “selva”!
Yááááá!!!!
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