22 de março de 2013

Pimenta no cu dos outros, é sim, sempre refresco!


A dor do outro é sempre menor que a sua. O seu problema é sempre maior que o dele. A sua piada é mais engraçada que a do vizinho. O seu tombo de bicicleta foi bem mais grave. O seu trabalho é mais cansativo, ou o melhor do mundo. Você tem menos tempo, porque é muito mais atarefado... Não há limites, para os exemplos possíveis!

Nós, seres humanos, somos realmente incríveis. Temos essa mania de grandeza, de superioridade, de achar que tudo com a gente é maior, melhor, mais difícil... Muitas vezes, involuntariamente, outras tantas, não. Uma postura egoísta e cansativa diante da vida, e das outras pessoas.

As questões alheias são geralmente menosprezadas.

Se um amigo liga, dizendo que bateu o carro, você logo pensa: “O vagabundo bebeu, ou, devia estar correndo demais!”. Mas não tem a mínima ideia do que aconteceu.

Se alguém assume que é umbandista, ateu, ou qualquer outra crença (ou descrença) “menos tradicional”, pode certamente sofrer algum constrangimento, dos amigos e familiares “tementes”.

Se alguém fica sabendo que um conhecido está com câncer no pulmão, logo diz (ou pensa): “Também, o filha da puta fumou a vida inteira”.

Quando alguém conta de um tombo feio que levou, logo: “Ah, isso porque você não viu o meu...”.

Se uma mulher reclama que acabou de levar uma cantada inconveniente e grosseira, alguém certamente já pensa: “Também, olha só como ela se veste!”.

Se alguém decide que não quer ter filhos: “Como? Eu tenho, e são as melhores coisas da vida”. Pra você, pra mim, não pra “ele”.

Se o cara resolve fazer Geografia, numa família de juízes e brilhantes advogados: “Esse rapaz sempre deu trabalho!!!”.

Ou seja, é assustadora a nossa capacidade de julgar as pessoas, muito rapidamente. E de maneira irresponsável e autoritária.

A dor, a escolha, o problema do outro, muitas vezes é exagero, é frescura, é incompreensível. E minimizá-los é quase praxe. Mas é dele, e não seu. É no couro dele que arde, e não no seu. E isso faz toda a diferença.

Sugiro um pouco mais de respeito e complacência. Pra você e pra mim.

Isso é quando é sério. Brincadeira é brincadeira, com quem aceita e merece. Continuemos com elas... Não pensem que estou ficando chata igual ao mundo!
  
Era só pra dizer que: Pimenta no cu dos outros, é sim, sempre refresco! Afinal, se tem alguém rindo é porque alguém se fodeu!

8 de março de 2013

8 de Março. Dia Internacional da Mulher.


Hoje é dia 8 de março. Dia que foi institucionalizado pela ONU, em dezembro de 1977 - coincidentemente, mês e ano em que nasci, e por isso nunca esqueço - como o Dia Internacional da Mulher. Mas, a data já era “pleiteada” desde os primeiros anos do século XX, por americanas e europeias, que já iniciavam os movimentos por melhores condições de trabalho, e de direitos, como o de voto, por exemplo.

A história é muito mais longa e rica do que isso, mas é só uma introdução, que nos dá uma ideia das profundas mudanças que vivenciamos de lá pra cá. Um período, historicamente curto, mas que transformou significativamente a vida das mulheres.

E graças a muitas mulheres, e a muitos homens também, que apoiaram essa luta, hoje, trabalhamos fora e temos independência financeira; podemos pensar e dizer o que pensamos; nos vestimos como bem entendemos; não queimamos mais sutiãs, os tiramos, pois não somos mais (salvo exceções) oprimidas sexualmente, e apenas progenitoras, somos mulheres inteiras, com vontades próprias; votamos (às vezes, mal e porcamente, diga-se de passagem!), mas conquistamos também esse direito; ocupamos funções e cargos impensáveis a algumas décadas atrás; somos até presidenta de país. É, acho que foi uma evolução considerável, não acham?

Sabemos bem, que apesar de todas as conquistas e avanços, ainda há muitas coisas a serem conquistadas e “resolvidas”. O preconceito ainda impera em alguns ambientes de trabalho e domésticos. Onde as mulheres ainda são desvalorizadas e menosprezadas, lhes dão jornadas excessivas de trabalho, desvantagens financeiras e na carreira profissional... Sem falar, no que eu acho mais grave, a violência contra mulher, a violência física e emocional. Isso é totalmente inaceitável. E o oposto também, diga-se de passagem. Tem mulher “descendo o braço”. Coisa feia! Pros dois lados.

Eu admiro muito as mulheres de fibra, fortes, inteligentes, que conhecem as coisas e sabem do que falam, e não precisa ser o conhecimento dos bancos de faculdade, pode ser a inteligência empírica, a inteligência da vida, a inteligência da alma, a inteligência de quem se esforçou para conquistar espaço, para expor seus pensamentos, opiniões, angustias e até seu corpo, por que não? Ninguém gosta de usar saia longa ou burca o tempo todo. Admiro as mulheres que marcam posição na vida, seja lá qual for essa posição. Tenho muitos exemplos próximos de mulheres assim. E tento “hard” ser uma.

Tem outra coisa... Já escrevi em outras oportunidades que tenho um pouco de preguiça com a “briga” de gêneros. Não vejo nenhuma necessidade de sermos melhores que os homens, e melhores do que nós, mulheres, eles também já sabem que não são. Somos pessoas, e tanto homens quanto mulheres podem ser incríveis ou insuportáveis, em todos os aspectos da vida.
Aproveitemos o dia para refletir. Sobre nossas conquistas, responsabilidades, papéis, limitações, sobre nossas vidas!

Não é preciso ser uma feminista bolchevique radical, para lutar pelo seu espaço e direitos. Basta pensar, se preparar, para seja lá qual for o seu objetivo de vida pessoal e profissional, e agir com autonomia, segurança e competência. Porém, com calma, sem histeria. Afinal, ainda somos mulheres, e um pouco de charme e delicadeza não faz mal a ninguém. Não precisamos usar bigodes e nem cuecas! Só usar a cabeça.

6 de março de 2013

Educar não tem receita.


Lá vai a minha opinião e percepção,  muito pessoal, do que significa educar uma criança. Por isso, é importante que eu diga que a educação que vou abordar aqui, é a educação de pais para filhos, a educação de dentro de casa, a educação que eu tive, e a educação que eu estou aprendendo a dar. E não a educação institucionalizada, que a meu ver, é muito mais complicada, e infelizmente, em muitos casos, deficiente e ineficaz. Mas não me atreveria a falar sobre isso, teria que estudar e me preparar muito mais. Vou falar do que eu vivo, e pretensiosamente, acho que entendo.

Com todo respeito, que eu realmente tenho por eles, que colaboraram profundamente com a Educação, mas não há Piaget ou Paulo Freire no mundo, que nos ensine a receita de educar os nossos filhos. Simplesmente, porque somos todos indivíduos muito particulares e únicos, especialmente as crianças, que se descobrem a cada dia, a cada curiosidade, a cada pensamento, a cada atitude, a cada aprendizado, a cada bronca. O que funciona pra um, não funciona para o outro. Eu que o diga! Tenho dois bem diferentes um do outro. E isso é delicioso e inquietante.

É claro que podemos aprender muito, aprofundar conhecimentos, entender melhor o sentido e os fundamentos da educação, com os grandes estudiosos, educadores e pensadores. Mas, sendo muito sincera, na educação dos filhos, no dia a dia, dentro da intimidade da sua casa, o que realmente conta na educação é a “carga” dos pais. Suas personalidades, suas crenças ou descrenças, seu conhecimento e diferentes entendimentos sobre as coisas da vida; seus preconceitos, suas fragilidades, seus princípios, seu amor. 

Filhos transformam a vida da gente, isso todo mundo que os tem, sabe. Começam transformando o nosso corpo; depois transformam os nossos corações; os nossos interesses; a nossa cabeça. Transformam a nossa vida. E, inegavelmente, o grande desafio de um pai e uma mãe, é educar seus filhos. As dúvidas, a culpa, o medo de errar, os excessos, isso tudo é inevitável, mas, na minha opinião, totalmente administrável, quando os pais tem a clareza, de que tipo de pessoa esperam que seus filhos se tornem. Começa por aí. Só começa.

Coisas fundamentais e que, pra mim, funcionam na educação: liberdade, confiança, equilíbrio, limites, respeito e amor. A ordem não importa. Vou falar de cada um...

Liberdade e respeito: As crianças devem ter liberdade pra dizer o que pensam e sentem, sempre. E devem ser ouvidas com absoluto respeito. Não há assunto proibido. E quando surgem as dúvidas e questionamentos, dizer a eles a verdade, da forma mais clara possível, é sempre a melhor saída. Quando achamos que ainda não é hora de falar sobre determinado assunto, por entender que a sua capacidade de compreensão ainda não alcança a complexibilidade do tema, basta, também, explicar com a verdade: “Isso ainda não tem importância pra você, meu filho, quando tiver, seremos os primeiros a esclarecer”. Aí, vem... Mãe, e o que é esclarecer? (rs!)

 Educamos o tempo inteiro, a cada palavra e a cada gesto. E isso é uma baita responsabilidade.

Confiança: quando pais e filhos confiam uns nos outros, tudo fica mais fácil e natural. Confiança no amor que sentem; confiança pra aprender a andar de bicicleta, entendendo que os tombos e ralados fazem parte da vida; confiança pra entender que o remédio é sim, horrível, mas é o melhor pra ele, naquele momento; a confiança que faz com que se entendam só pelo olhar; a confiança de fazer novas descobertas e eventualmente cometer erros; a confiança de saber que têm uns aos outros. 

Equilíbrio: é do equilíbrio dos pais que estou falando, ou, mais apropriadamente, entre os pais. Equilíbrio entre as personalidades; equilíbrio nos temperamentos; equilíbrio na paciência; equilíbrio nos limites; equilíbrio na disposição física e mental... Resumindo, quando um dá uma “despirocada”, o outro segura a onda (porque, a não ser, que não seja humano, todo mundo dá). Funciona que é uma beleza!

Limites: tem gente que confunde liberdade, com falta de limites. Separemos bem as coisas. Liberdade é um bem precioso, que deve ser exercido e ensinado desde sempre. E limites, fundamental na educação, pra tudo que, nós pais, acreditarmos ser necessário. Neste caso, prefiro pecar pelo excesso.

Somos adultos e pais ocupados e imperfeitos, mas temos uma grande coisa a nosso favor, o grande amor pelos filhos, além da vontade de vê-los bem e felizes.  Achar o equilíbrio do tempo e da razão, é certamente, o nosso grande desafio.

As crianças são viciadas em atenção, doces e semântica. E nós, pais, apesar de todas as nossas limitações, somos perfeitamente capazes de suprir e administrar esses “vícios”.


5 de março de 2013

Sobre amizade e reencontros.



Acabo de voltar do “Grande Encontro 2013”. Esse é o nome que demos aos encontros anuais, de um grupo de amigas de faculdade, que se conheceram há 17 anos, e jamais se separaram. Só geograficamente. Mas, a afinidade, a intimidade, o respeito e o amor que temos umas pelas outras, permanece sempre o mesmo. E pra mim, é uma satisfação indescritível fazer parte dessa “gang”.

Tenho 7 motivações para escrever esse texto, comigo 8. Vou apresentá-las. Em ordem alfabética, pra não dar briga depois! Porque ordem de preferência, não há. E se tivesse, eu também não falaria, claro! hehehe

Alethéia. A mais “velha” da turma. Mas, sem nenhuma sombra de dúvida, só na idade. É uma moleca. Autêntica, engraçada, não sabe disfarçar, nem esconder nada. Sua frase de efeito no Grande Encontro: “Assim vocês me fodem!” (dentro de um contexto, que não vem ao caso). Mas depois a frase virou “hit”, e sem nenhum contexto. Já moramos juntas. Dividimos contas, cremes de milho com filés de frango, e segredos. Ah, e dizem que sou um pouco o “pai” do filho dela, o que pra mim, é uma honra. É linda aos olhos, e ao coração.

Camila. Nosso “cisco”. A menor de todas, na altura, mas não no bom humor e beleza. Consegue “parecer” séria, e é engraçadíssima ao mesmo tempo. As tiradas são sempre na hora certa. Uma das últimas: Alguém lhe disse que no samba, que fomos no sábado à noite, não tinha mulher bonita... A resposta dela: “Bom, eu contei 7!!!”. Com ela, muitas noites dormindo “bundita com bundita”, olhando o 11:11 do relógio, dividindo café e longos papos na varanda. Nos divertíamos. Sinto tanta falta!

Cybelle. Ai ai ai... A encardida mais querida do mundo! Talvez, a que tenha a personalidade mais forte. Fala o que pensa sempre, sem melindres e sem limites. Tem um senso de humor, um tanto quanto ácido, que eu gosto. Decidiu ser segura. É uma mulher interessante, charmosa e linda. Adoro o crédito que dá a si mesma. 

Josiane. Ela sim, a mais séria, mais centrada e super responsável. Na época da faculdade, pegava onda, e a Pri, os surfistas!!! Sempre reservada. Talvez a personalidade mais dissonante no grupo, e que assim mesmo, conquistou nossos corações. Sempre a achei  “bonita, elegante e sincera”. Uma pena, que só tenha passado o sábado com a gente, mas já valeu muito!

Juliana. No caso, eu. Não falarei de mim. Minha modéstia e autocrítica me impedem. 

Priscila. A gaúcha gremista, que está quase virando carioca. A “gazeta” da turma. Sempre por dentro das novidades e notícias das amigas, das pessoas e dos lugares. Adora viajar. A sua moeda não é o real, é a “milha”. Fala pelos cotovelos, super solidária sempre e linda de doer.  É alegre, divertida e sempre soube aproveitar a vida.  

Sabrine. Querida... Com ela, tenho muitas afinidades. Gosto musical bem parecido (com exceção do Pink Floyd. Hehehe... Desculpe, amiga!); o gosto pela leitura; temos opiniões parecidas sobre as coisas da vida; o interesse por novos assuntos...  Ela é a dona das “festas no AP”. O de antes e o de agora. É inteligente, linda e entusiasmada. Com ela, muitas noites de baralho, filmes e longos papos.  É também a nossa “Contadora”, sempre organizou e dividiu as contas da galera, e o resultado é sempre uma dízima periódica, nunca arredonda. Adoro!

Thaís.  Minha conterrânea, amiga muito querida, confidente. A única que está perto. Pessoa admirável, linda, inteligente, dedicada, atenciosa. Adoro seu bom humor, sua animação, “suas buscas” e a vontade de realizar. Tenho uma sorte incrível de tê-la por perto.

Com amigas assim, qualquer Encontro tem sucesso garantido.

O Grande Encontro 2013, foi em Curitiba, como geralmente é, por ser “o meio do caminho” para as 8. Já fazemos esses REencontros há 13 anos. E pra mim, esse foi um dos melhores, talvez o melhor. Estamos mais maduras, mais bonitas (sem exceção, na minha opinião!), mais seguras e um pouco menos “duras” do que na época de faculdade. Isso tudo ajuda! 

Nos divertimos, nos emocionamos, fizemos a nossa “terapia coletiva”, como é usual, dançamos, cantamos, relembramos nossas piadas internas, e as gírias que nós mesmas inventávamos, enfim, mais uma vez celebramos uma amizade que é rara.

 É rara, por envolver tantas personalidades diferentes, que se respeitam e amam; porque quando nos juntamos, parece mesmo que temos 18 anos, revivemos uma época, com as cabeças bem mais “organizadas”; rara por resistir ao tempo, à distância, aos maridos, aos filhos, e a loucura da vida... Sempre damos, e sempre daremos um jeito de nos encontrarmos e estarmos juntas.

Três certezas trazidas desse Encontro:  1. A não ser que, seja nas novas calçadas de granito do Batel, nunca mais uso salto alto nas calçadas de Curitiba, caso contrário, ou você parece um pato andando, ou arrisca um tombo. 2. A confirmação do meu desapreço por Pink Floyd. Acho muuuiiiito chato. 3. A última e principal certeza: essa é uma amizade que não acabará, jamais.

Apesar de ser um dos temas mais falados, escritos e cantados, definir amizade é algo extremamente particular, e relativo. O significado de amigo, ou de uma amiga, ou de 7 amigas pra uma pessoa, pode não ser o mesmo que pra outra. Na verdade, a semântica é o que menos importa, neste caso.  Importa o amor, a intimidade, a cumplicidade, a afinidade, a generosidade... E isso tudo, temos de sobra. O único inconveniente, é que muita intimidade, beira a falta de educação, se é que me entendem...

O que é a amizade pra mim? Numa amizade verdadeira não se deposita expectativas, porque elas, geralmente são só suas. Conviver bem com as limitações, defeitos e virtudes de uma pessoa, é premissa pra qualquer amizade que se preze.  Um amigo tem coragem de dizer e ouvir coisas, que nem sempre agradam. Um amigo pode mandar o outro “se foder”, e recebe um sorriso como resposta. Uma amiga “empresta” por um ano, a bolsa de estimação, que trouxe de Londres, e que a amiga adorou! Um amigo nunca julga suas atitudes, pode dizer o que pensa, se intrometer na sua vida (tem esse direito!), mas nunca fará julgamento de valor, porque te respeita, acima de tudo. Um amigo divide as despesas, as alegrias, o sofrimento, os sonhos, a realidade, a vida!

Nós oito, somos tudo isso.  Amigas. Grandes amigas.