7 de setembro de 2013

Sete de setembro. Um dia para reflexão.

Quem, como eu, freqüentou os bancos da escola, aprendeu desde sempre a amar a pátria, cantar os hinos, respeitar a bandeira brasileira, comemorar a independência, enfim, símbolos da história do nosso país, e que se transformaram hoje em que? Cantamos o hino e até nos emocionamos com isso, numa vitória da seleção brasileira numa Copa do Mundo, ou com um judoca medalha de ouro numa olimpíada; hasteamos a bandeira em eventos e datas comemorativas; alguns ainda assistem ao desfile de 7 de setembro, cada ano mais esvaziado, porque agora o espaço é ocupado também por manifestações por melhores condições de vida, como o Grito dos Excluídos, e outras manifestações como as que vêm ocorrendo nos últimos meses... Tudo isso nos obriga a reflexão. Qual é o real sentido e importância, hoje, de se comemorar a Independência, além da praxe? Pra mim, nenhuma.

Não faço aqui nenhuma análise profunda da história, mas para perceber o que vou dizer, isso nem é necessário. Está aí pra quem quiser ver.

O problema é que nessa mesma escola, esqueceram de nos contar, ou contaram superficialmente, como conquistamos essa tal independência, e o que veio antes disso. O fato é que a nossa história começou mal. Começou com escravidão e morte, dos povos que já estavam por aqui antes de virarmos colônia de Portugal, e foram praticamente dizimados, pela ambição de impérios e monarquias que só queriam conquistar territórios e conseguir mão-de-obra escrava para enriquecer ainda mais.

Aí, Dom Pedro cansou e gritou “Independência ou Morte!” as margens do Ipiranga, com o objetivo de conquistar autonomia política e estabelecer o fim do domínio português. Seria uma maravilha se a independência fosse pra todos. O fato é que desde lá, não é pra todo mundo. Os pobres nem acompanharam o significado dessa independência, já que a escravidão foi mantida e a desigualdade permaneceu. A renda, como até hoje, se concentrava na mão de poucos. E é por isso, que quando fazemos qualquer crítica, por mais pertinente que seja, nunca devemos esquecer que o problema do nosso país é histórico. Devemos continuar sempre em busca das transformações, que são necessárias e urgentes, mas, apesar dessa frase ser lugar comum, a mudança deve começar em nós mesmos. Devemos nos transformar interiormente e depois exigir dos outros, que revejam e abandonem essa cultura escravocrata, preconceituosa e desigual.

Somos mesmo independentes??? De Portugal, sim, desde 1822. Mas, pra mim, e felizmente pra muitas outras pessoas, um país só será verdadeiramente independente quando cada pessoa que nele vive, for independente.

E o que precisamos para ser independentes? Precisamos de EDUCAÇÃO, mas com um ensino de qualidade, que forme cidadãos críticos, com pensamento livre. Precisamos de SAÚDE, uma saúde que atenda TODAS as demandas da população, desde saneamento básico, prevenção de doenças, até a necessidade de uma cirurgia complicada. Precisamos de SEGURANÇA, que nos garanta o direito a vida e a liberdade de ir e vir. Precisamos de MORADIA para todas as pessoas. Precisamos de TRANPORTE PÚBLICO de qualidade, para não precisarmos brigar mais, nem pelos R$ 0,20 centavos. Precisamos de COMIDA pra toda a população. Comida gente, comida... Para não precisarmos mais do Bolsa Família, por exemplo, e nem ter que ouvir tantas críticas desinformadas e preconceituosas. Precisamos ainda de TRABALHO, de LAZER, de CULTURA, enfim, tudo que garanta uma vida digna a todas as pessoas.

Quando a dignidade for universal em nosso país, seremos verdadeiramente um país independente. Enquanto isso, quem quiser pode continuar assistindo as fanfarras e desfiles militares, e admirando a simbologia vazia, da qual “fomos convencidos” na escola.

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