Ontem à
noite, depois de uma discussão OSPBistica em casa, que não é rara, fiquei
pensando: Em que baseio as minhas opiniões e convicções? O que eu sou? Que eu
sou "canhota" já disse aqui, e isso é líquido e certo. E de onde isso vem?
De vários
lugares, penso eu. Do ambiente, da criação, dos interesses, da formação, da
informação, da personalidade, da educação, mas, principalmente, da alma, da
essência.
Vem, por
exemplo, de quando eu tinha 15 anos, muitos sonhos e um espírito libertário. E
na época do Plebiscito de 1992, para escolher a forma de governo do nosso país,
fui com outros jovens, amigos e conhecidos, para o calçadão de Londrina
divulgar e defender a Anarquia. Pois é, um tema que desde muito menina me
atraiu, li sobre ele, estudei, defendi. Era nisso que eu acreditava e sonhava.
E ainda tenho em mim esse espírito. Mas, depois que a gente cresce, e a vida
não é mais só música, amigos, escola e lutar por um ideal... Depois que a gente
vira mãe, trabalha, paga contas, e vive nesse mundo tão real, começa a perceber
a realidade com outra perspectiva. E hoje pra mim, no ponto em que chegamos, infelizmente,
aquele arranjo social idealizado e defendido por Godwin, Bakunin, e tantos outros, está cada
dia mais distante, improvável, utópico.
Toda essa
história de ter que amadurecer, encarar os problemas, as dores (nossas e dos
outros), e ver que a incoerência, a realidade e a brutalidade da vida, não é só
o que se vê retratado na TV, ela está na cara de quem admite vê-la, pode fazer
com que comecemos a desanimar. Mas isso, só se você estiver aqui só de passagem,
sem vontades, sem convicções. Caso contrário, percebemos rapidamente que é
possível ser feliz depois que a gente cresce, apesar dos pesares.
Hoje, com tantas coisas acontecendo, as
pessoas nas ruas (pelo menos até uns dias atrás), as discussões nas mídias
sociais, a troca de idéias, gente cobrando, gente “tentando” dar respostas,
enfim, existe movimento, existem lados, existe discussão, existem
contraditórios, existem consensos, e isso tudo é fruto da democracia. Hoje, é a
ela que me apego. E gosto dela. Mas, sei também que ela tem um preço, às vezes
alto, mas que vale à pena.
Tudo isso,
só pra dizer que tudo muda. O mundo muda, o Brasil muda, você muda, eu mudo...
Mas, o que importa, pelo menos nas pessoas, é a essência, o que você traz
dentro de si, e o que você é capaz de fazer para transformar a realidade. E a despeito da minha idade, de ser ainda uma “menina” de 35
anos, eu sei o que trago dentro de mim. E tenho um acordo comigo mesma, o de
nunca perder esse brilho rebelde e provocador da alma.
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