A dor do outro é sempre menor que a sua. O seu problema é sempre maior
que o dele. A sua piada é mais engraçada que a do vizinho. O seu tombo de
bicicleta foi bem mais grave. O seu trabalho é mais cansativo, ou o melhor do
mundo. Você tem menos tempo, porque é muito mais atarefado... Não há limites, para
os exemplos possíveis!
Nós, seres humanos, somos realmente incríveis. Temos essa mania de
grandeza, de superioridade, de achar que tudo com a gente é maior, melhor, mais
difícil... Muitas vezes, involuntariamente, outras tantas, não. Uma postura
egoísta e cansativa diante da vida, e das outras pessoas.
As questões alheias são geralmente menosprezadas.
Se um amigo liga, dizendo que bateu o carro, você logo pensa: “O
vagabundo bebeu, ou, devia estar correndo demais!”. Mas não tem a mínima ideia
do que aconteceu.
Se alguém assume que é umbandista, ateu, ou qualquer outra crença (ou
descrença) “menos tradicional”, pode certamente sofrer algum constrangimento, dos
amigos e familiares “tementes”.
Se alguém fica sabendo que um conhecido está com câncer no pulmão, logo
diz (ou pensa): “Também, o filha da puta fumou a vida inteira”.
Quando alguém conta de um tombo feio que levou, logo: “Ah, isso porque
você não viu o meu...”.
Se uma mulher reclama que acabou de levar uma cantada inconveniente e
grosseira, alguém certamente já pensa: “Também, olha só como ela se veste!”.
Se alguém decide que não quer ter filhos: “Como? Eu tenho, e são as
melhores coisas da vida”. Pra você, pra mim, não pra “ele”.
Se o cara resolve fazer Geografia, numa família de juízes e brilhantes
advogados: “Esse rapaz sempre deu trabalho!!!”.
Ou seja, é assustadora a nossa capacidade de julgar as pessoas, muito
rapidamente. E de maneira irresponsável e autoritária.
A dor, a escolha, o problema do outro, muitas vezes é exagero, é
frescura, é incompreensível. E minimizá-los é quase praxe. Mas é dele, e não
seu. É no couro dele que arde, e não no seu. E isso faz toda a diferença.
Sugiro um pouco mais de respeito e complacência. Pra você e pra mim.
Isso é quando é sério. Brincadeira é brincadeira, com quem aceita e
merece. Continuemos com elas... Não pensem que estou ficando chata igual ao
mundo!
Era só pra dizer que: Pimenta no cu dos outros, é sim, sempre refresco!
Afinal, se tem alguém rindo é porque alguém se fodeu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário