6 de fevereiro de 2013

LIPO-INSPIRAÇÃO


Dias atrás, li uma notícia de uma jovem de 20 anos, que morreu na mesa de cirurgia, fazendo uma lipo. Hoje, ouvi uma notícia, sobre uma diarista de 42, que morreu durante uma cirurgia para colocar silicone nos seios. A família dizia, na reportagem, que era o sonho dela. Comecei a pensar... A que preço? A vida?

Não. Não sou contra fazer cirurgias plásticas. Acho que isso é uma escolha pessoal, que cada um sabe da sua vida, e que quem decide fazer, assume as responsabilidades pelos riscos que corre. Agora, uma garota de 20 anos fazer lipo??? Uma mulher de 42, com quadro comprovado de hipertensão, arriscar-se numa cirurgia eletiva??? Não sei, me parece uma busca pessoal, inglória, pela perfeição estética e uma pressão maluca do mundo, que faz com que as pessoas exagerem para sentirem-se aceitas.

Queria muito saber onde vai parar essa busca insana pela perfeição da imagem, do corpo. Principalmente nós, mulheres, sofremos diariamente a pressão de estarmos “em dia”. E o pior é que ela vem, principalmente de dentro, da nossa cabeça, mas isso, depois de ter vindo de fora, do mundo. E pensando bem, isso não é mais privilégio, só das mulheres. Os homens, cada vez mais, também sofrem desse mal.

É claro que todo mundo gosta de caber na roupa, sentir-se bem e bonita, enfim, estar com a auto-estima em dia. Mas é triste viver num mundo onde ter celulite, estrias e gordurinhas extras (todas indesejadas, claro) é quase falta de educação.

Ser saudável, fazer exercícios, cuidar do corpo, é perfeito! O problema é quando isso vira uma obsessão. Quando isso fica mais importante que a sua cabeça, que a convivência, e que os prazeres que o seu corpo pode te proporcionar, apesar de suas marcas.

Não acho natural, por exemplo, uma menina de 20 anos, fazer plásticas, colocar silicone, passar quatro horas por dia na academia, tomar boletas, e preocupar-se exclusivamente com a imagem. O natural, é que além de preocupar-se com a estética, as medidas, a beleza, ela consiga estabelecer relacionamentos verdadeiros, ria de si mesma, consiga estabelecer um diálogo com mais de vinte minutos, tome partido na vida, enfim, que pense.

E só escrevi tudo isso, porque também vivo isso. Sou mulher, como todas as outras, quero estar bem e feliz comigo mesma. Mas, faço um esforço diário para entender quais são as reais prioridades da minha vida. E não é ser perfeita. Ninguém é. Nem quem tem o par de seios mais lindos, ou a bunda mais gostosa. Sempre tem alguma coisa errada, com o espelho ou com a cabeça.

Saúde e auto-estima positiva é uma coisa, ser obcecado pela imagem é outra.

Se me permitem o atrevimento de um conselho, que seja: Cuide bem do seu corpo, sinta-se bem, mas dedique-se principalmente à sua cabeça. Pra mim, funciona. E quando você estiver velhinha, cheia de marcas do tempo, de rugas, de dores (tudo natural e inevitável), perceberá o que foi mais importante.



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