1 de fevereiro de 2013

Pobres!

Cada coisa... Sapeando alguns blogs, acabei lendo um post sobre os pobres que não são mais pobres. Péssimo. Na forma, e principalmente, no conteúdo. E muito pior do que o post eram os comentários, um mais absurdo que o outro.

Tem gente que – dissimuladamente, ou não - não suporta a ascensão financeira de muitos brasileiros, que agora tem acesso ao que jamais imaginaram. Acho que a falta de exclusividade é o que mais incomoda os “ricos”. Desnecessário dizer que não são todos, não é? São muitas as exceções. E elas confirmam a regra.

Como suportar um pobre que usa camisetas Hollister e Abercrombie... que nem são do Camelô. Foram compradas no shopping, na mesma loja que as do seu filho. Como assim?

Como suportar um pobre que sempre andou em ônibus lotado, depois financiou a CG em 36x e agora estaciona o carro 1.0 ao lado do seu no supermercado? E ainda sai cheio de sacolinhas, ele não estava “só olhando”.

Como suportar um pobre que nunca tinha ido ao cinema e agora assiste peças de teatro, filmes, shows, e ainda se atreve a dar opiniões pelo twitter?

Como suportar um pobre que viaja nas férias? E viaja de avião, não mais de brasília amarela. Porque agora dá para parcelar em 10x sem juros no cartão! Uhuuu!

Como suportar um pobre que é feliz com pouco? Com carvão e carne na churrasqueira, uma cerveja gelada, um samba e os amigos em volta. Se tiver uma caixa d´água então... A felicidade alheia é irritante. Principalmente se for de pobre!

Como suportar um pobre que fala alto no Nextel, e sabe tudo sobre o Iphone 5 e a quarta geração do Ipad?

Como suportar um pobre que tira fotos do churrasco com os amigos, com a camiseta hollister, na janela do avião, no chafariz do shopping, e publica tudo no FaceSbook?

É... Tem ricos que não suportam pobres. Acho que o desejo de alguns deles é que os pobres pudessem ser “georeferenciados” e separados do convívio. Acha que estou exagerando? Não, existe gente assim. E até bem pior.

Definitivamente, uma das frases mais clichês que existe faz cada dia mais sentido pra mim: Dinheiro não compra felicidade. E nem manda buscar! E eu completaria... Não compra felicidade, nem educação, nem inteligência... nada. Quer dizer, só algumas pessoas. Mas esse é outro assunto.

Só pra esclarecer... Os “ricos” dos quais estou falando, são aqueles que não suportam a ideia de que a distância entre pobres e ricos diminuiu; que o índice de Gini baixou; que o desemprego caiu e que por isso, o conforto de ter uma empregada doméstica custa mais caro; que o crédito aumentou, e agora o seu porteiro pode ter uma geladeira inox em casa, ou até comprar um terreno naquele condomínio fechado na saída da cidade (bem mais pop que o seu, claro!); enfim, aqueles que realmente acreditam que o dinheiro e as oportunidades da vida estabelecem diferenças entre as pessoas, diferenças de direitos e de ocupação de espaço.

Nada contra ter ou ganhar dinheiro. Pelo contrário, dinheiro quando é fruto de trabalho e esforço, é bom e todo mundo gosta, inclusive eu. Sou sim, contra o preconceito; contra a elite separatista, que acha que é melhor do que o cu do tatu; contra gente arrogante, que destrata e despreza quem julga ser diferente. Na verdade, sinto pena desses infelizes.

Perdoem as ironias. Não tinha (e não tenho) nenhuma pretensão de escrever um post com discurso panfletário. É só que prefiro falar a engolir, assim poupo meu estômago e não preciso tomar água com limão.

(Texto publicado no Facebook em 09/01/2013, e agora vem para o arquivo do blog)

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